7. Chapter 7 (1/2)

vii.

"-pouco antes de partir, eu fui passar alguns dias num convento nas proximidades de heidelberg. ocupava-me de assuntos espirituais e também da execuo do meu enxoval. qual no foi a minha surpresa quando uma das freiras veio me avisar que um homem que se apresentara como médico de friedrich magnus pedia para ser recebido por mim. no entendi nada. ao que se sabia, no havia ninguém doente.

era um homem miudo, extremamente bem falante.

-bom dia, alteza!

-bom dia, senhor! no entendi por que deseja falar comigo.

-vim na qualidade de embaixador.

-ah! mas isso é altamente inconveniente, deve reconhecer. seu amo está noivo. e é sabido que eu também estou noiva, devo me casar em

eve com o duque de orléans. este tipo de contato, além de inutil, é altamente comprometedor.

-meu senhor no a tirou de seu corao e exige-lhe uma ultima entrevista.

- impossivel.

-ele está lá fora e garante que no arredará o pé enquanto no falar com vossa alteza.

aquilo enervou-me de tal modo, que reconheci a inestimável sabedoria de minha tia anna. so um casamento e uma boa distncia me livrariam da presena inoportuna daquele homem.

conversei com a madre superiora e concordei em recebê-lo para uma ultima entrevista. precisava pr um fim naquelas investidas. acertamos que eu o receberia no refeitorio, assistida por duas das religiosas."

- afinal, o que ele queria?-interrompeu philippe.

-que criatura insistente. sabendo-a noiva, mas mesmo assim negando-se a desistir.-opinou o chevalier.

-ele tinha a si proprio em alta conta. e, acredito que pouquissimas vezes em sua vida ele tenha sido contrariado em seus propositos. eu nunca o encorajei, mas penso que os meus modos, ora frios, ora irnicos, deixaram-no motivado a me subjugar através do matrimnio. no vejo outra explicao.

-já pensou que ele talvez a amasse de verdade?

liselotte teve um sorriso triste.

-no acredito que se possa amar verdadeiramente alguém a quem no se conhece, philippe. ele nunca viu além da minha superficie. e, além do mais, no basta apenas um amar. precisa haver um minimo de reciprocidade.

philippe ficou surpreso, nunca pensara que o amor pudesse ter ocupado as reflexes de madame. mas, de qualquer forma, tudo o que ela dizia primava pelo bom senso.

"friedrich magnus entrou com um ar imponente que contrariava as palavras que sairam de sua boca.

-vim aqui humildemente – e essa palavra parecia arranhar-lhe a vaidade e a garganta- pedir-lhe que reconsidere. inconcebivel que se case com um almofadinha francês podendo se casar comigo, que lhe tenho verdadeiro afeto e grande apreo.

silêncio sepulcral. as freiras pareciam duas estátuas. senti que caberia a mim acabar com aquela situao constrangedora. mesmo sem lhe retribuir os sentimentos eu no me sentia bem em ver um homem no

e naquela situao. objetei com firmeza.

-meu pai escolheu o meu marido, no há o que mudar. vou me casar com o unico irmo do rei da frana. farei um otimo casamento. outra coisa, o senhor está noivo. deveria se dar ao respeito.

ele no tomou conhecimento das minhas palavras.

-sei que ainda no assinaram o contrato. se falarmos juntos com o senhor seu pai e explicarmos a situao, acredito que ele possa reconsiderar. do meu compromisso cuido eu.

-senhor, eu lhe rogo, no insista. meu pai já decidiu. já foi inclusive acordado que eu deverei renunciar à fé protestante e ingressar no catolicismo. um casamento imensamente vantajoso para o palatinado. o principe é um homem fino, cheio de virtudes.

friedrich magnus ficou muito vermelho, via-se que estava enervado.

-no foi o que eu soube. as informaes que tive so

e ele so as piores possiveis. ele e o irmo, o rei, so dois devassos. o caso dele é ainda mais grave sob o ponto de vista da familia e dos costumes.

- minha tia anna o conhece pessoalmente e disse que se trata de um homem excelente em todos os sentidos. ficou viuvo com duas crianas e necessita casar.

-ele que busque outra noiva. se é to cheio de qualidades, no será dificil. o que no é possivel é seu pai casá-la contra a sua vontade.

-como disse?

ele ficou paralisado. eu dei um sorriso doce. eu jamais havia sorrido assim para ele.

-está completamente enganado. meu pai me consultou. eu vou me casar com o duque de orléans de boa vontade.

ele continuava a me olhar com uma expresso incrédula.

ento, como o toque final eu tirei uma caixa do bolso de meu vestido. a

i e mostrei-lhe o retrato.

-o rei louis teve a cortesia e me enviar este retrato de seu irmo. nunca vi homem mais formoso. mesmo sem conhecê-lo já me sinto enamorada. belo como um anjo. meu corao já pertence a ele.

aquela minha fala o deixou chocado. deve ter me julgado tola e cega, mas eu falei com tal segurana e entusiasmo que ele sofreu um abalo. friedrich magnus pegou a miniatura e olhou-a longamente. depois de alguns instantes, ele a devolveu, lanou-me um olhar carregado de mágoa e retirou-se com dignidade.

soube que semanas depois ele se casou com augusta maria von schleswig-holstein-gottorf . segundo soube, já têm oito filhos."

ela empurrou a caixa na direo de philippe. ele a

iu a caixa oval de ébano e dentro dela havia uma miniatura, de uns quinze centimetros. nela estava retratado um homenzinho de cabeleira negra, pálido como cera, com um nariz adunco e um grande queixo pontudo. usava a armadura reluzente so

e os trajes luxuosos e tinha um ar muitissimo afetado.

-quem é esse sujeito?

o chevalier de lorraine, sempre curioso, levantou-se e veio olhar so

e o om

o de philippe. foi implacável.

-misericordia, que traste!

liselotte permanecia serena.