1. Chapter 1 (1/2)

versailles no me pertence. as historias so apenas divertimento.

a fonte so

e o pretendente de liselotte é o site party like, de aurora von goeth. os fatos foram adaptados livremente.

i.

-madame, eu tenho que lhe agradecer.

liselotte no entendeu. saiam juntos da alcova onde o chevalier de lorraine ressonava, exausto. vomitara até a alma por causa de um vinho de qualidade suspeita que tomara abundantemente na farra da noite anterior. viera mareado de paris a saint-cloud onde desabara e ganhara o leito, gemendo como que ferido de morte. fizera grande alarde, proclamando-se envenenado por algum de seus inimigos. o chevalier de lorraine, sem ter nenhum inimigo declarado, contava com meia duzia de desafetos aos quais ele atribuia os mais estranhos defeitos, da inveja à calvicie. sem querer admitir os exageros etilicos, alugara os ouvidos da duquesa, reclamando inclusive de philippe, que havia desertado ao vê-lo doente. pacientemente ela ouvira, deixara-o vomitar e falar até se sentir aliviado. mandara acordar os criados, e, num instante a roupa de cama do chevalier havia sido trocada, ele havia tomado um banho morno e ingerido uma infuso de louro e losna. finalmente ele adormecera e dera paz aos demais. agora, pela manh, ele havia tomado um prato do mingau das crianas e voltara a dormir. por isso, agora philippe se sentia em divida com madame.

-agradecer o quê?

philippe estava sensibilizado. madame era prodiga em fazer o bem sem alarde. ele tinha pavor de gente passando mal, especialmente vomitando ou vazando de alguma forma. o chevalier raramente ficava doente, mas quando tal acontecia, dava muito trabalho. ficava lamuriento, cheio de mazelas secundárias que ele atribuia à mazela principal. no gostava de remédios amargos, mas achava os doces enjoativos, em resumo, ficava insuportável, manhoso e exigente. sabendo disso, philippe estivera prestes a chamar o médico, mas no desespero, recorrera à esposa contando com a sua proverbial generosidade. era desprendida o suficiente para perder a noite cuidando do amante do marido sem resmungar ou esperar reconhecimento.

-foi inestimável nos cuidados ao chevalier. se no fosse você, minha cara elisabeth, acho que ele poderia até ter morrido. ele já no é mais criana, o tempo comea a nos co

ar.

liselotte sorriu, sempre gentil. deu-lhe um tapinha amigável no

ao, um gesto muito dela que o fez recordar o passado.

-que exagero. no foi nada de mais.

philippe havia se congelado em um sorriso amargo. naquele momento sentia-se mal. mas ela sempre conseguia que ele se sentisse melhor. ela o conhecia bem, percebeu a nuvem que lhe toldava o rosto,

-o que houve?

ele balanou a cabea como se tentasse espantar um pensamento desagradável que o importunava como fazem certas moscas inconvenientes.

-eu preciso lhe contar uma coisa... e me desculpar ...

ela no estava entendendo do que se tratava, mas se havia um certeza era que monsieur no era de falar tolices

-claro. algum problema?

ele pegou-a delicadamente pelo cotovelo e conduziu-a a um canapé de veludo azul, perto da janela. fazia uma linda manh em saint-cloud. sentaram-se os dois. o aposento era a sala privativa do chevalier. ricamente decorado em tons de azul turquesa, moveis dourados, com ricos estofados, vasos e floreiras de porcelana chinesa, e, a um canto, uma grande harpa dourada artisticamente colocada. philippe respirou fundo e comeou.

-há quanto tempo estamos casados, elisabeth?

liselotte respondeu prontamente.

-em novem

o faremos doze anos.

philippe estava muito sério.

-lem

a-se da primeira vez em que nos vimos?

ela se lem

ava. ele apeara do cavalo e a surpreendera agachada perto da ponte, urinando na beira da estrada circundada pelas damas do séquito palatino. sorriu.

-claro que sim. você me pegou urinando no mato. foi muito divertido.

philippe continuava sério, quase solene.

-eu tentei ser educado e razoavelmente agradável.

ela lem

ava muito bem da cara esquisita que ele fizera ao encontrá-la. mas resolveu deixar para lá.

-foi muito correto. eu ainda me recordo que você usava um lindo traje cinza.

philippe suspirou. ele também lem

ava daquela roupa. cinza com bordados prateados, muito alinhada. bons tempos. ele tinha trinta e um anos. estava no auge de sua boa forma fisica. agora, passados doze anos, suas duas filhas do primeiro casamento tinham contraido matrimnios dinásticos. marie-louise havia se casado com o rei carlos ii da espanha e anne-marie desposara victor amadeu ii de saboia. o casamento de marie-louise o deixava preocupado. ela era rainha da espanha, mas o marido... diziam coisas horriveis do estado fisico de seu genro. ultimamente ele andava muito sentimental. ele tomou coragem e entrou no assunto:

-preciso reconhecer que no lhe fiz justia, elisabeth. quando eu a conheci eu a julguei desfavoravelmente, preciso confessar.

ela deu um sorriso melancolico.

-eu sei, você fez questo deixar isso bem claro. lem

o-me das coisas terriveis que me disse na cerimnia do leito nupcial. nunca vi tanta sinceridade despejada de uma so vez...

philippe parecia mortificado.

-fui muito grosseiro, foi imperdoável. e fiz algo ainda pior...

liselotte ficou surpresa. o que seria pior do que aquilo?

-na estrada, depois que eu a conduzi à carruagem, eu fiz um comentário horrivel perto da minha escolta...

ela ergueu as so

ancelhas.

-compreenda, eu estava revoltado com louis. ele a escolheu sem ao menos me consultar. eu a julguei pelas aparências e o que vi foi uma moa baixinha, loura, faladeira e muito mal vestida. ento, eu fiz uma tolice... eu me perguntei em voz alta que como eu poderia ... bem, sabe a que me refiro...